domingo, 9 de janeiro de 2011

Nintendo alerta sobre os riscos de jogos 3D para crianças

A Nintendo emitiu um alerta na última semana sobre os riscos da utilização de jogos eletrônicos em 3D para crianças menores de 6 anos, tecnologia que a empresa pretende lançar em breve no Japão e que ainda não está disponível no mercado.

Segundo a empresa japonesa, crianças com 6 anos de idade ou menos não devem utilizar jogos em 3D no console de mão Nintendo 3DS, ainda não lançado, devido ao risco das imagens em 3 dimensões poderem causar danos ao desenvolvimento da visão se utilizada por longos períodos de tempo.

Diferente dos cinemas em 3D e televisores que necessitam de óculos especiais para permitir o efeito tridimensional das imagens, o novo console Nintendo 3DS promete ser um dos primeiros produtos no mercado a gerar este efeito sem a utilização destes óculos.

Ainda não está claro qual é o risco para a saúde na utilização de imagens geradas em 3D sem óculos em relação àquelas obtidas com a utilização destes. A Sony, outra fabricante japonesa de produtos eletrônicos que utiliza a tecnologia 3D com a utilização de óculos, também alerta seus usuários quanto aos riscos potenciais à saude, segundo o Washington Post. O porta voz da companhia disse que não há evidências médicas sobre os efeitos negativos da visualização de imagens em 3D. Outros fabricantes de produtos em 3D como a Samsung e Panasonic também alertam em seus websites sobre riscos potenciais à saúde de crianças.

Sintomas como náuseas e tonturas foram reportadas por várias pessoas que assistiram filmes em 3D desde quando estes foram lançados em 1950. Nesta época o efeito era gerado através da utilização de óculos bicolores feitos de papel. A tecnologia evoluiu para óculos com lentes especiais polarizadas ou que são ativadas sincronicamente com as imagens apresentadas, gerando um efeito mais real e com menos desconforto visual.

Apesar do alerta da indústria, oftalmologistas dizem que não há provas que imagens geradas em 3-D, com ou sem óculos, possam causar qualquer problema ao desenvolvimento da visão. Segundo o Dr. Steven E. Rosenberg, oftalmologista pediátrico do New York Eye and Ear Infirmary, imagens em 3D geradas em telas, com ou sem óculos especiais, funcionam da mesma maneira ao mostrar imagens separadas no olho direito e no esquerdo, sendo que o cérebro combina as duas imagens para criar uma imagem em 3D. Ele disse que não há razões para acreditar que o desenvolvimento da visão possa ser diferente para quem observa estas imagens.

Um outro especialista, o Dr. Lawrence Tychsen, professor de pediatria e oftalmologia da Washington University, realizou experiências para avaliar o impacto das imagens em 3D em macacos Rhesus. Durante 3 meses, macacos bebês utilizaram óculos 3D observando imagens em uma tela. Após este período a visão destes macacos foram avaliadas e comparadas com outros macacos, e não houve mudança alguma no desenvolvimento da visão.

Mas há outras teorias sobre o risco à visão se houver uma utilização extrema destas imagens. Segundo Kristina Tarczy-Hornoch, diretora do Vision Development Institute no Children's Hospital Los Angeles, é possivel que a utilização por muitas horas provoque algum efeito no desenvolvimento normal da visão binocular.

Acredita-se que a recente preocupação da indústria com esta nova tecnologia se deva aos diversos casos reportados de indução de crises epiléticas em usuários portadores deste mal. A exposição a flashes de luz, presentes em video games, desencadeava a crise em crianças susceptíveis.

Não existe provas científicas que justifiquem a preocupação dos fabricantes de equipamentos eletrônicos com a utilização das imagens em 3D por crianças. O que preocupa vários especialistas é a utilização extrema destas tecnologias por tempo prolongado e a enorme quantidade de informação recebida e processada por estas crianças. Talvez a grande pergunta seja: Você gostaria que seu filho fique imerso em seu video game, 3D ou não, ao invés de interagir com o ambiente em que vive?

 

Fonte: New York Times, Washington Post

 

Dr. Marco Antonio Olyntho

CREMESP 92737

Médico Oftalmologista pela Associação Médica Brasileira e Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Especialista em Glaucoma pelo Hospital das Clínicas - Universidade de São Paulo

Membro da American Academy of Ophthalmology

marco@olyntho.med.br

www.olyntho.med.br

São José do Rio Preto - SP

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