segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Gato e a Toxoplasmose

A toxoplasmose é uma das mais importantes doenças oculares em nosso país. É uma doença parasitária causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii, e praticamente 60 a 70% da população brasileira já foi infectada. Na primeira infecção a pessoa desenvolve sintomas parecidos com uma gripe fraca por alguma semanas, ou muitas vezes não possui sintoma algum e passa totalmente despercebida. É uma doença que necessita de controle no pré-natal, pois caso a mãe contraia esta infecção ela poderá passar para o feto.

O parasita encontra-se espalhado no ambiente, mas é o gato o seu principal hospedeiro. Os cistos são eliminados nas fezes dos felinos e contaminam o ambiente, como a água, verduras e animais. Os animais, ao ingerirem as fezes do gato, são infectados e transmitem a doença através da carne, pois o cisto cai na circulação sanguínea e se aloja nos músculos. A ingestão de carne mal cozida é uma das principais formas de transmissão da doença, sendo que em regiões onde o hábito de consumir grande quantidade deste alimento a incidência da doença é de quase 100% da população.
No corpo humano, o cisto após a sua ingestão, vai para a circulação sanguínea e se multiplica, alojando-se preferencialmente em músculos e em nervos. Pode causar febre, dores musculares, aumento dos linfonodos (ínguas) por algumas semanas, e após esta fase entra em latência (adormece), permanecendo em nosso corpo na forma de cistos. Em pacientes com a defesa imunológica comprometida pode causar até mesmo a morte. Se a doença for passada a uma criança antes de nascer, esta poderá nascer sem nenhum sintoma e vir a desenvolver a doença meses ou anos após a contaminação, acometendo os olhos e o cérebro.
Em virtude da sua preferência por nervos, os cistos da Toxoplasmose se alojam com facilidade na retina. Ao provocar a doença, causam uma inflamação chamada retinocoroidite, que compromete todas as camadas da visão. Quando localizada na periferia pode provocar embaçamento da visão, a percepção de pontos que passeiam no centro da visão, chamados de moscas volantes, ou simplesmente olho vermelho. Em muitos casos a pessoa apresenta apenas uma infecção e nunca mais apresenta outros sintomas. Em outras a doença volta a aparecer e causar seqüelas. Quando isto acontece no olho, a cicatriz de uma inflamação anterior volta a ficar ativa e produz uma nova cicatriz ao seu lado, pois o limite da cicatriz continua cheio de cistos. Caso as lesões atinjam a mácula, o centro da visão, a pessoa acaba por perder totalmente a visão.
O tratamento da Toxoplasmose pode ser feito na primeira infecção, o que é difícil de diagnosticar em virtude da sua similaridade com a gripe. No caso do diagnóstico ser feito logo após o nascimento, o uso de medicamentos que matem os cistos podem ser necessários por até um ano. No caso de doença ocular, na fase da infecção aguda, o uso de antiinflamatórios e antibióticos auxiliam no controle e redução dos sintomas.
A toxoplasmose pode ser prevenida com alguns cuidados básicos. O cisto morre a temperaturas em torno de 150 graus Celsius, ou seja, o preparo adequado dos alimentos evita a infecção. Alimentos mantidos no freezer por mais de 24 horas e lavar as verduras com hipoclorito (água sanitária diluída) também o inativam. A doença na gestação pode ser identificada através de exames de sangue específicos. No caso de suspeita de infecção, a mãe deverá ser tratada e o recém nascido deverá ser acompanhado por um oftalmologista após o nascimento. É aconselhado que os animais domésticos fiquem fora de casa no período gestacional.

 

 

 

Dr. Marco Antonio Olyntho

CREMESP 92737

Médico Oftalmologista pela Associação Médica Brasileira e Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Especialista em Glaucoma pelo Hospital das Clínicas - Universidade de São Paulo

Membro da American Academy of Ophthalmology

marco@olyntho.med.br

www.olyntho.med.br

São José do Rio Preto - SP


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