segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Olho Diabético

O Diabetes Mellitus é uma disfunção metabólica que afeta o controle dos açucares no sangue e também repercute no metabolismo das gorduras e das proteínas. É uma doença complexa que necessita de um grande empenho do paciente para ser controlada, seja através da dieta adequada, com o uso de medicamentos para a regulação da glicose, um açúcar importante para a manutenção do nosso metabolismo, ou através da mudança dos hábitos de vida, além da visita regular ao seu médico. Estima-se no Brasil que 12% da população seja portadora de uma das formas de Diabetes, o que significa que há aproximadamente 10 milhões de diabéticos em nosso país, o que coloca esta doença como um dos mais importantes problemas de saúde pública.

O excesso de açúcar no sangue, que pode ser medido por um exame simples, provoca uma série de lesões no corpo humano, principalmente nos vasos sanguíneos, que expostos as altas taxas de glicose por um longo período de tempo acabam por serem danificados e perdem a capacidade de transportar adequadamente todos os elementos do sangue, provocando o vazamento de líquidos e proteínas para os tecidos próximos. Outras importantes estruturas que sofrem os efeitos do Diabetes são os nervos, os rins e o coração.

No olho o diabetes pode provocar alterações imediatas ou de longo prazo. Uma das alterações imediatas é o embaçamento visual provocado pela hiperglicemia. O aumento do açúcar no sangue afeta o equilíbrio dos líquidos oculares e do cristalino, alterando o trajeto da luz dentro do olho e portanto, levando a alteração da refração necessária para obter a visão normal. Quando a glicemia reduz, a visão melhora.

A Catarata, que é a perda de transparência do cristalino, é um outro problema causado pelo diabetes. Há casos de pacientes que desenvolveram catarata em um curto período de tempo em decorrência da alta glicemia, mas o mais comum são as alterações que aparecem no longo prazo. Outra doença ocular associada ao diabetes é o glaucoma, que é uma neuropatia que leva a perda progressiva de visão, começando na periferia e evolui até a perda da visão central.

As alterações de longo prazo são decorrentes de anos de diabetes não controlado e associado a lesão nos vasos sanguíneos, que afetam a retina, e consequentemente, a visão. É chamada de Retinopatia diabética, e pode ser dividida na forma não proliferativa e forma proliferativa. A forma não proliferativa é caracterizada pelas alterações vasculares como os microaneurismas, os bloqueios vasculares, as hemorragias e o vazamento de líquidos na retina. Pode ocorrer comprometimento da visão, mas o controle do diabetes pode retardar o aparecimento de lesões mais graves ou levar a melhora das lesões já existentes.

Na forma proliferativa, que é a forma mais severa, há o crescimento de novos vasos na retina que são anormais e frágeis, provocando hemorragias e trações da retina e vítreo que levam ao descolamento da retina, provocando baixa da visão ou até mesmo cegueira.

A principal forma de tratamento da Retinopatia Diabética é a prevenção. A visita a um especialista e a realização de exames específicos permitirá a prevenção do aparecimento de alterações mais graves. A utilização de laser para a cauterização de vasos alterados pode evitar a evolução da doença, e a utilização de medicamentos que permitem o controle do crescimento dos vasos pode evitar a necessidade de uma cirurgia e a perda definitiva da visão. Por ser uma doença crônica, quanto antes diagnosticada e controlada, maior é a chance de uma vida com melhor qualidade e visão saudável no futuro.

 

 

Dr. Marco Antonio Olyntho

CREMESP 92737

Médico Oftalmologista pela Associação Médica Brasileira e Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Especialista em Glaucoma pelo Hospital das Clínicas - Universidade de São Paulo

Membro da American Academy of Ophthalmology

marco@olyntho.med.br

www.olyntho.med.br

São José do Rio Preto - SP


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