A cirurgia de catarata sofreu diversas mudanças nos últimos anos. Após a facoemulsificação ter se tornado o padrão ouro para a remoção do cristalino opacificado, muitas técnicas, equipamentos e produtos foram desenvolvidos ou aperfeiçoados para proporcionar uma visão cada vez melhor.
A facoemulsificação foi desenvolvida há mais de 40 anos, mas inicialmente o resultado pós operatório era inferior ao obtido com a cirurgia tradicional, a facectomia extracapsular, onde o cristalino é retirado inteiro através de uma incisão de 5 a 8 mm. Esta técnica é ainda utilizada em cataratas muito maduras, quando o uso do ultrassom pode causar seqüelas. As principais desvantagens desta técnica é a recuperação mais lenta do paciente, os cuidados no pós operatório e a alta incidência de astigmatismo em virtude da sutura da incisão.
A facoemulsificação permite a retirada do cristalino através de uma incisão em torno de 3 mm, o que significa um trauma menor ao olho, uma recuperação mais rápida do paciente e uma visão melhor. Uma das principais vantagens desta técnica é que esta incisão não necessita de sutura, o que reduziu o aparecimento de astigmatismo nos olhos operados.
A técnica foi evoluindo e nos últimos anos a incisão para a emulsificação do cristalino foi reduzido para valores abaixo de 1mm, o que necessita de técnica e materiais especiais para a sua realização. No último mês o autor viajou até a Índia a convite do Dr. Amar Agarwal para conhecer a técnica que desenvolveu para a remoção do cristalino através de uma incisão de 0,7 mm, a mesma espessura de uma lapiseira, conhecida como MicroPhakonit. Além da incisão menor para a retirada do cristalino, outro diferencial é a recuperação mais rápida da visão, onde não é raro o paciente apresentar uma visão de 100% algumas horas após a cirurgia.
Algumas das vantagens e desvantagens desta técnica:
• A menor incisão propicia um trauma menor ao olho e menos, ou nenhum, astigmatismo
• O MicroPhakonit utiliza menos ultrassom, o que reduz em muito as complicações e o tempo de recuperação no pós-operatório
• Necessita de lentes intraoculares especiais para passar pela incisão menor e reduzir o astigmatismo, que podem ser monofocais ou multifocais(visão para perto e longe)
• Não pode ser feita em cataratas muito duras
• Estabilização da visão geralmente ocorre em no máximo duas semanas, metade do tempo em relação a facoemulsificação tradicional
Vale ressaltar que apesar dos avanços, a cirurgia de catarata continua a ser um procedimento com os seus riscos, que embora calculados nos traz desafios ímpares a cada novo paciente. Uma nova técnica, apesar das vantagens, não elimina as técnicas já consagradas e necessitam ser bem indicadas para que se obtenha o resultado desejado.
Dr. Marco Antonio Olyntho
CREMESP 92737
Médico Oftalmologista pela Associação Médica Brasileira e Conselho Brasileiro de Oftalmologia
Especialista em Glaucoma pelo Hospital das Clínicas - Universidade de São Paulo
Membro da American Academy of Ophthalmology
São José do Rio Preto - SP
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